segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Slow content na teoria e na prática

Conheça a Contente, empresa de São Paulo que vivencia e divulga o pensamento desacelerado

Com a hashtag AInternetQueAGenteQuer espalhada pelo Instagram — são mais de 3.200 publicações —, a empresa Contente, de São Paulo, presente há 10 anos no mercado e pouco mais de um ano na mídia social como @contente.vc e no próprio site, quer promover o slow content como uma das formas de construir um espaço digital mais consciente.

Definida como um estúdio de criação, a Contente foi criada pela jornalista Daniela Arrais e a publicitária Luiza Voll, amigas que tinham a ideia de construir uma internet mais consciente, fluida e criativa, além de transformar essa vontade em um trabalho. O desejo surgiu quando as duas entenderam que vários dos assuntos que abordavam no próprio site, com clientes, em palestras e entrevistas poderiam ser levados para um público maior também nas mídias sociais.

Atualmente, além das sócias-fundadoras, a equipe conta com uma gerente de comunidade, Ylanna Pires, responsável pelo relacionamento com a audiência nos canais de comunicação, e com um estúdio parceiro de design para produção das peças visuais. Dani e Luiza consideram que falar sobre os impactos da cultura digital é uma pauta indispensável da década atual.

É por meio da construção de conversas e conteúdos digitais e offline que a empresa consegue engajar ainda mais pessoas nessa discussão que não tem fim. Com os pilares de comunicação e educação presentes no que a equipe faz, ela distribui conteúdo, promove o movimento pela hashtag, ensina pela escola online e se relaciona com empresas e instituições pela Contente in company. E de que forma ocorre tudo isso?

A Contente garante que produz conteúdos de forma autoral e com profundidade, sempre acompanhada por uma direção de arte impactante, tanto para os canais próprios quanto para marcas parceiras e agências em projetos comerciais. Pelo movimento #AInternetQueAGenteQuer, há a presença de mídia e plataforma educacional para marcas e instituições que desejam compartilhar mensagens com uma comunidade apaixonada por conversas e transformações.

Além disso, há a aposta na área da educação, vertente mais nova da empresa. O foco é em cursos para pessoas físicas, na qual teve o primeiro, Criar (s)em crise, para ajudar quem quer se expressar na internet a fazer isso com qualidade e propósito. E pela Content in company, há a realização de palestras e workshops para empresas e instituições.

O público-alvo da Contente, de maneira geral, são millennials — pessoas nascidas entre 1980 e 1995, atualmente com 25 a 40 anos, que viveram a transição do mundo analógico para o digital, da hiperconexão —, na maioria mulheres, que desejam e anseiam por discussões mais profundas sobre internet, mídias sociais e saúde mental dentro desse contexto. Há bastante diversidade no grupo, pessoas do Brasil todo e de idades diversas.

A descoberta do slow content

Vivenciando na rotina a produção incessante estimulada pela internet, a Contente visualiza o slow content como algo que aparece com força. Termo surgido ainda em 2006, como uma rejeição ao imediatismo, Dani e Luiza conheceram o conceito principalmente após perceberem que o movimento slow se desdobra em outros também, como o slow food. Para elas, faz todo sentido “pensar em como está sendo feito o que quer que esteja fazendo”.

Com 134 mil seguidores no Instagram — na primeira quinzena de dezembro de 2020 —, pensar em slow content é entender que essa é uma forma de produzir mais responsável consigo e com quem consome o conteúdo. Para a Contente, significa uma maneira transparente de se relacionar com a produção de conteúdo e de deixar claro para quem os acompanha que existem pessoas reais por trás daquele post, vídeo ou texto. "Isso humaniza a produção e incentiva mais pessoas a produzirem conforme a própria disponibilidade, e não apenas seguindo uma lógica algorítmica do processo”, afirmam as sócias-fundadoras, Dani Arrais e Luiza Voll.

O slow content é, de fato, uma das formas com que a Contente pretende construir #AInternetQueAGenteQuer. Optar por esse ritmo mais leve, humano e consciente de produção de conteúdo impacta toda a forma que a equipe lida com o digital e, consequentemente, com o próprio trabalho. Entre os inúmeros benefícios que eles podem destacar, está o cuidado com o próprio tempo, um bem inegociável, do ponto de vista da gerência, e a melhoria da capacidade criativa, que depende diariamente dos momentos offline e das pausas. O que pode se traduzir também no fato de a equipe não criar conteúdo somente para constar: tudo tem um motivo.

De acordo com os resultados obtidos nas mídias sociais e pessoas impactadas com os posts e o novo curso oferecido pela Contente, ela acredita que é possível uma criação mais consciente, com propósito e, consequentemente, mais desacelerado também. A equipe observa que tanto nas mídias sociais como em outros espaços no digital há um desejo coletivo de mudança e uma vontade latente de transformação.

Dani e Luiza perceberam que estavam fazendo o certo na internet ao receber uma mensagem pela primeira vez dizendo que algo que criaram gerou reflexão e transformação. Elas criam na internet há muito tempo e sempre experimentaram uma generosidade encantadora das comunidades criadas, o que mostrou que elas estavam no caminho correto.

O algoritmo não é empecilho

Para a Contente, o algoritmo principalmente do Instagram não interfere no modo de produção da equipe: ela prefere criar de acordo com o próprio ritmo. Ela concorda que algoritmo é uma incógnita e acredita que os resultados são pela construção de uma comunidade engajada e que também procura e valoriza trocas mais profundas e genuínas nas mídias.

Exercitar, alimentar e trabalhar a criatividade nada tem a ver com um ritmo desenfreado de produção ou com criações que não respeitam os próprios limites dos criadores, segundo a Contente. A criatividade anda de mãos dadas com o slow content e este permite que os momentos de pausa — essenciais para o bom desenvolvimento criativo — sejam respeitados e praticados em plenitude.

O próximo passo da empresa para tornar a internet naquilo que mais quer, com mais consciência, é o de expandir a atuação na Escola Contente, criando mais cursos que promovam reflexões sobre o mundo da internet.

A criação de conteúdo desacelerada

Com os exemplos de Ju Barbosa, no post anterior, e o da Contente neste, fica mais fácil entender como criar na contra-mão do ritmo sem freio da internet.

Segundo a plataforma de conteúdo, alguns passos são necessários: primeiro, encontrar-se no processo de criação: entender o que se quer criar, com qual propósito e em que ritmo. E assim estabelecer como tudo isso se relaciona e responde ao próprio processo criativo; em sequência, imaginar de forma prática: em que canais atuar, qual a frequência, qual abordagem adequada para continuar fiel a uma rotina produtiva mais consciente e desacelerada?

Produzir o conteúdo que gostaria de consumir é um dos principais norteadores para o slow content na internet. Com a história da Contente como inspiração, você está preparado para criar dessa forma?

Desacelere com as sugestões da Contente

O slow content vai além de uma produção mais consciente e no tempo individual. Para que uma rotina desacelerada seja possível na internet, não apenas na criação de um conteúdo digital, a Contente lista quatro sugestões:

1 - Construir uma rotina em que correr para as telas não seja a primeira ação do dia;

2 - Respeitar os momentos offline como as refeições, as conversas cara a cara — quando possível —, os de lazer com quem se ama, a hora do sono etc;

3 - Produzir, se for o caso, em um ritmo que respeite o processo criativo individual, o próprio tempo de criação e a disponibilidade no geral;

4 - Gerenciar bem o tempo de tela e a maneira como se usa esse tempo: entender que a internet é mais que mídias sociais, evitar gatilhos ou confrontos desnecessários nesse espaço, consumir informações com mais critério e calma.

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