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É estranho a gente querer gritar
pro mundo o que sente mesmo não sabendo ao certo? Às vezes, me pego imaginando
momentos que nunca acontecerão, mas que trazem um pouco de esperança ao meu
coração. Talvez, se eu tivesse certeza de algo, a vida seria sem graça e eu não
sentiria esse frio na barriga antes de dizer ou fazer algo. São tão incertos
esses caminhos por onde ando, mas acho que talvez seja assim que eu me sinta
feliz.
Porque não adianta acreditar que
algum dia tudo melhorará se não arriscarmos enquanto ainda pudermos. Dar o
primeiro passo, dizer a primeira palavra, ir ao primeiro colégio, criar a
primeira amizade, ter o primeiro amor, receber o primeiro beijo e sentir o
primeiro frio na barriga. Tenho certeza de que eles não teriam a mínima graça
se não nos trouxessem uma sensação de desconforto, de dúvida e até de medo. E
digo o mesmo aos primeiros desencontros, decepções, arrependimentos, lágrimas,
saudade de alguém que não volta mais.
Eu sei, nós sempre queremos o
confortável, a confirmação de que tudo dará certo e a certeza de que não iremos
nos arrepender de nada. Mas de que adianta ser seguro nisso tudo e não ter a
vontade de arriscar? Vivemos para correr riscos, para cair dez mil vezes e se
levantar dez mil e uma, para andar de cabeça erguida após uma noite de
desilusões, para continuar em frente apesar de quem insiste em nos deixar para
trás, para viver sempre com a ideia de que vivemos para sermos felizes,
independente do quanto tivemos que sofrer. Aliás, é se sofrendo que criamos a
nossa própria muralha. Mas não para nos esconder do mundo, e sim para chegarmos
lá em cima e ver quantas coisas boas fizemos na nossa vida apesar das
dificuldades e dos desafios. Porque sabe, a vida não teria graça se fosse tão
fácil.
Vanessa Esteves
[Escrito às 04:12 do dia 17 de
fevereiro de 2015.]
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