O meu psicológico ficou afetado nos últimos dias e continua até hoje. E então eu penso: se eu e tantas mulheres que acompanho tanto nas redes sociais quanto pessoalmente estamos assim, imaginem como ficam as mulheres que sofrem abuso sexual, que têm seus corpos violados e são até culpadas por isso, muitas vezes pelas roupas que usam, lugares que frequentam, quantas pessoas já beijaram e tantos outros motivos que a sociedade machista e patriarcal insiste em enumerar para colocar a culpa na vítima, e não no agressor.
Eu fiquei traumatizada e não consegui até agora expressar pelo Snapchat e YouTube, ambos em forma de vídeo, tudo o que está passando pela minha mente, por isso só consigo ler informações e assistir a alguns vídeos na internet. O baque vai passar para algumas pessoas, a poeira vai baixar, muitos vão seguir com suas vidas, mas chegou a hora em que principalmente nós, mulheres, não devemos nos calar. Não é "mimimi", vitimismo, falta de homem e muito menos histeria. Não deveria ser normal minhas amigas pedirem para eu avisar quando chegasse em casa, e vice-versa. Não deveria ser normal eu sentir medo de andar na rua sozinha. Não deveria ser normal eu trocar de roupa e colocar uma calça por medo de ser assediada na rua por homens. Não deveria ser normal viver com MEDO.
Nascer mulher é carregar o medo dentro de si, um fardo do qual a gente não se livra nunca. Por isso, e porque tenho empatia, gostaria de dar as mãos a todas as mulheres deste mundo para mostrar que elas não estão sozinhas. Eu não sei o que foi pior nesses últimos dias: as notícias ou os homens e muitas mulheres propagando pensamentos machistas e de extremo ódio. Eu perdi muito da minha esperança na humanidade nos últimos três dias. O ruim da sociedade é que ela ainda não sabe diferenciar machismo de feminismo, muitas vezes por achar que os dois são opostos apenas pela presença do "ismo". Porém agora eu não irei me calar. Eu irei lutar pelo fim da cultura do estupro. "Cultura do estupro?", muitos perguntam. Sim, pois a cada 11 minutos no Brasil, 1 mulher é estuprada. Isso precisa mudar. Isso precisa ter um fim.
Vanessa Esteves
[Escrito às 21:32 do dia 28 de maio de 2016.]
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