(WeHeartIt) |
Um homem idoso, com seus cabelos
cor de neve, pele enrugada e sorriso no rosto, entrou no ônibus que me levava
ao cursinho. Eu escutava minha música preferida, aquela que não sai do modo
repetir do meu iPod. Olhei para ele e automaticamente me lembrei de meu avô.
O idoso demorou para se sentar,
pois queria mostrar à cobradora do ônibus o seu cartão de comprovação de que
ele tinha idade para não pagar a passagem. A mulher disse que ele poderia se
sentar e mostrar depois, mas ele foi insistente. Enquanto ele procurava em sua
carteira, eu segurava minhas lágrimas e desviava o olhar dele para não me
lembrar do meu avô. Seus jeitos, suas manias e até seu sorriso eram muito
parecidos com os daquele que um dia me cobria ao mesmo tempo em que eu dormia
no sofá. Paralelamente, o idoso não sossegou até encontrar o bendito cartão.
A partir daquele momento, meus
pensamentos começaram a surgir. Era uma manhã de sol e as ruas estavam calmas, apesar
de ser dia de semana. Eu segurei o choro e olhei para o mar. Eu queria navegar
para longe, mas também procurava um abraço para me aconchegar. Queria escutar palavras
de carinho e também ter a companhia do meu avô de volta.
É normal – nós perdemos as pessoas.
Ou talvez perder seja uma palavra muito forte. Porque elas continuam aqui, em
nossos corações, pensamentos e sonhos noturnos. Apesar de não estarem mais aqui,
ainda estão. Presentes não em corpo, mas em alma. Pelo motivo de precisarmos
sentir a presença de alguém, é que guardamos objetos, cartas e até fotos que fazem
nos lembrar daqueles que já se foram. Por menor que seja essa lembrança física,
o tamanho do amor é imensurável.
Vanessa Esteves
[Escrito às 22:54 do dia 06 de
agosto de 2015.]
Nenhum comentário:
Postar um comentário