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Não escrevo textos depressivos. Se
escrever sobre amor, desencontros, amizade, decepções, felicidade, falta de
reciprocidade, paixão e tantas outras coisas que nos rodeiam é depressivo,
então não seria a vida um amontoado de sentimentos que ora dão certo ora não?
Acho engraçado – para não dizer
outra coisa – que quando homens escrevem sobre o amor todos acham bonito, acham
legal, aplaudem de pé. A partir do momento em que uma mulher escreve sobre esse
sentimento, pessoas já param de ler o texto na metade, pois acham que a mulher
está em depressão para escrever algo como aquilo. Sabe, depressão é algo sério,
mas que nós tratamos como brincadeira. Não, esse texto não é sobre depressão, e
muito menos sobre como alguém pode sair dessa situação. É somente um texto
cheio de perguntas nas entrelinhas para aqueles que não entendem o quanto
despejamos nossas dores, sofrimentos, felicidades e sorrisos em forma de
palavras.
Do mesmo jeito que músicos transmitem
o que sentem através da música, pintores através de obras e cinegrafistas
através de filmes, escritores transmitem seus sentimentos através da palavra.
Às vezes, é tudo tão confuso que não há conexão entre as ideias, o texto fica
bagunçado, não há um tema certo e ainda terminamos com outra pergunta, ou
várias. Escritor é aquela pessoa que consegue, apesar da bagunça, entender o
que se passa dentro do seu coração. Digo isso para aqueles que escrevem com a
alma, que não se importam se o texto vai fazer sucesso ou não.
Por isso, escrevemos para nos
conhecer melhor, entender o que se passa na nossa mente e encontrar respostas
para nossas infinitas perguntas. Assim, não importa se o texto é depressivo ou
não, pois ao final de um texto tiraremos um peso enorme de nossas costas apenas
por ter conseguido traduzir tudo em palavras. Pode ser que ele não fique do
jeito que queríamos, mas no nosso ímpeto saberemos que foi com ele e com tantos
outros textos que conseguimos descobrir quem somos. Aliás, não há forma melhor
de conseguir descobrir quem somos. Afinal, não há forma melhor de conhecer a si
mesmo. Palavras traduzem tudo o que não conseguimos dizer em voz alta.
Palavras, ainda que em pequenas ou grandes quantidades, trazem um conforto ao
nosso peito. Porque palavras, caro leitor, são uma arte. E nós, escritores,
somos perdidamente apaixonados por elas.
Vanessa Esteves
[Escrito às 12:38 do dia 03 de
janeiro de 2015.]
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