quarta-feira, 16 de julho de 2014

Adeus inevitável


É estranho quão diferente me sinto quando entro nesta casa. Os móveis estão fora do lugar e eu já não me encaixo mais nessa vida. Sinto como se eu fosse uma estranha. Como se nunca tivesse estado ali, como se todas as fotos fossem uma grande farsa. 
A pintura está fresca, o almoço na mesa, e a faxineira retirando o que ainda restava de mim ali. Todos aqueles brinquedos ainda guardados naquele quarto que depois ficou ocupado. Meu quarto não é mais o rosa, e sim aquele azul que fica do outro lado da ponte. Minha árvore já não existe mais; foi arrancada pela raiz e queimada junto com meus sentimentos. 
Às vezes gostaria de voltar no tempo, mas sei que assim foi melhor. Quase ninguém saiu ferido; é só meu coração que insiste em se magoar. Meus pensamentos já não são mais os mesmos, e agora posso dizer que amadureci. Toda mudança tem seus prós e contras. Fazer o quê.
Só que agora me diz: tinha que ser assim? Digo para mim mesma que sim. Mas tudo mudou tão rápido; o adeus foi inevitável. 


Vanessa Esteves

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