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Tem vezes que nós nos sentimos
iludidos. Ou talvez colocamos muita esperança em alguém que acabamos de
conhecer. São rostos diferentes, conversas animadas, sorrisos conquistadores e
beijos combináveis. Pelo simples motivo de encontrarmos uma pessoa tão interessante
em uma noite, queremos que aquelas horas durem mais tempo e que a conversa e
toda a reciprocidade dure no futuro.
Mas sabemos que quase todas as
paixões de uma festa não duram mais que uma noite de músicas boas e danças
improvisadas. Então por que ainda assim nos iludimos com algo que sabemos que
não durará mais que uma noite? Talvez por nos privarmos tanto de nos apegarmos
a alguém, quando temos gostos parecidos e sentimentos recíprocos espelhados em
outrem, sentimos uma necessidade em não querer deixá-lo ir embora de nossas
vidas.
Sendo assim, trocamos números de
celular, perguntamos o que ele gosta de fazer, queremos saber o que ele espera
do futuro, sentimos que o beijo combina e dizemos isso ao pé do ouvido,
entrelaçamos as mãos, sorrimos como se não houvesse amanhã e dançamos ao som de
nossas músicas preferidas. Só que a festa acaba, a esperança continua viva e o
adeus é necessário ser dito enfim.
Uma paixão de uma noite e um lugar.
Sem futuro e com um coração partido. Pois um demonstrou interesse, enquanto o
outro fingiu inexistência de tudo o que aconteceu. Embora os fatos façam nós,
os iludidos, a querermos seguir em frente, pensamos em como seria se tivesse
dado certo. Porque acreditamos naquilo que foi dito, prometido e combinado. Só
que quanto mais demos chance, parece que mais sofremos com o que não aconteceu.
Por isso deveríamos ter menos
expectativa, sonhar menos e, assim, nos iludiríamos cada vez menos. Porém não
adianta querermos que nossas esperas mudem, já que cada vez mais conhecemos
pessoas diferentes e que demonstram certo carinho por nós.
Se nos preocupássemos tanto com os
resultados, não teríamos muita história para contar e nem tantas caídas para
poder nos levantarmos. Podemos até considerar que nossos atos foram erros, mas
sem eles não seríamos quem somos hoje. Por isso continuamos não criando
barreiras e querendo nos aventurar em corações os quais não têm espaço para
nós.
Vanessa Esteves
[Escrito às 08:45 do dia 27 de
julho de 2015.]
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