quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O que eu quero é voar

(WeHeartIt)

Ando sentindo um buraco no peito. Não sei quando começou, mas a única coisa de que sinto vontade de fazer é arrumar as malas e viajar sem ter data para voltar. O último país o qual visitei não sai de meus pensamentos e muito menos os momentos incríveis que vivi por lá. Talvez esse buraco seja saudade. Saudade esta que não tem fim. 
Enquanto a rotina me consome diariamente, o que me salva dos meus pensamentos desanimados é imaginar que daqui a algum tempo estarei dentro de um avião indo em busca de mais momentos inesquecíveis. Mas, espera aí, eu não deveria estar querendo ser feliz agora e não em outra época da minha vida?
É que com tantas cobranças e pressão da sociedade em entrar na faculdade, ter um emprego, se estabilizar financeiramente, encontrar o amor e mostrar para os outros quanto se é feliz fica difícil não se desesperar. Deve ser por isso que uma das maiores doenças da atualidade é a depressão. 
Talvez por querermos tanto um significado para nossas ações, acabamos deixando de lado o que realmente importa. Já são raros os momentos em que passamos juntos de nossos amigos ou família. Sentimos falta de uma época em que o tempo não importava e tornávamos poucos minutos em experiências gratificantes. "Só que o mundo não nos permite mais isso" - insistimos em dizer para nós mesmos. Será? No meio de tantos afazeres, será que não conseguimos liberar um pequeno espaço de tempo na nossa rotina para fazer aquilo que realmente vai nos fazer felizes?
São imensas horas no trânsito, buzinas irritantes e pessoas com cada vez menos paciência, reuniões em dias que não estamos bem, compromissos que nos deixam com dor de cabeça, vários trabalhos para realizar, desencontros com aqueles que sempre irão nos amar e as grandes e inacabáveis desculpas de que um dia iremos ser recompensados. Será mesmo?
Precisamos, a partir de agora, ter uma vontade inexplicável de querer voar. Não é necessário provar para ninguém e muito menos seguir as regras que os outros seguem. Precisamos ser nós mesmos, ir atrás dos nossos sonhos e sumir algumas vezes se quisermos. Não adianta ficar bem aparentemente para os outros se não estamos em sintonia com nossa vida no interior do nosso ser.
E se não pudermos viajar de avião, que tenhamos a coragem de voar com os pés no chão. Que nosso amadurecimento nos faça perceber que abrir mão de algumas coisas foi necessário, mas que a nossa felicidade sempre esteve ali no presente, e não em outro momento de nossa vida.
É por isso que o que eu quero é voar. Às vezes para bem longe, outras para um abraço do qual sinto falta ou para um lugar que sempre me deixará feliz. Eu já decidi que não quero a felicidade daqui a alguns dias, meses ou até anos; eu a quero agora. E ninguém conseguirá mudar o que penso e muito menos destruir aquilo em que sonho.

Vanessa Esteves

[Escrito às 23:57 do dia 28 de outubro de 2015.]

4 comentários:

  1. simplesmente excelente essa maneira de pensar. "o que realmente importa?" será uma das questões da humanidade daqui alguns anos!

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    1. Muito obrigada pelo comentário! Exatamente. Muitas pessoas se esquecem daquilo que realmente as deixam felizes.

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